André Esteves,
um bilionário encarcerado
Banqueiro,
preso nesta quarta-feira acusado de obstrução da Justiça na Operação Lava Jato,
é o homem com a maior fortuna a estar atrás das grades no país no momento
Momento da prisão de André Esteves(Reprodução/VEJA)
André
Esteves é o 628º homem mais rico do mundo, o 13º homem mais rico do Brasil - e
é, neste momento, a maior fortuna a estar atrás das grades no país. O
banqueiro, dono do BTG Pactual e preso nesta quarta-feira acusado de obstrução
da Justiça na Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção que tem
a Petrobras como ponto central, tem um patrimônio estimado em 2,9 bilhões de
dólares, segundo o ranking elaborado pela revista Forbes. Esteves é
apontado pela Procuradoria-Geral da República como "o pessoal de São
Paulo" nas negociatas entre o senador Delcídio do Amaral e assessores para
evitar a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Ao
longo da manhã, a foto do bilionário sendo conduzido por um agente da Polícia
Federal circulou nas mesas de operação de bancos e corretoras. Poucos registros
poderiam ser mais contrastantes com a imagem habitualmente associada a Esteves:
a do legítimo self-made man brasileiro, homem de negócios
arrojado e epítome do capitalismo nacional.
Esteves,
de 45 anos, não nasceu em berço de ouro. Filho do bairro da Tijuca, quase um
símbolo informal da classe média carioca, o empresário cursava matemática na
Universidade Federal do Rio de Janeiro quando ingressou no Pactual, um banco de
investimentos que ainda estava longe de ser o portento em que acabou se
transformando. O BTG é o quarto maior banco privado do país em ativos e
administra cerca de 200 bilhões de dólares em investimentos de clientes.
O
Pactual foi criado em 1983 como uma espécie de "filhote" do Garantia,
possivelmente o maior símbolo do arrojo entre os financistas do país. Assim
como fazia o Garantia, o Pactual oferecia salários baixos, mas ótima
remuneração por resultado. Esteves, que começara como analista de sistemas,
migrou para a mesa de operações de renda fixa. Pôs a serviço do banco - e dele
próprio - seu perfil de workaholic. E cresceu.
Esteves
ascendeu ao comando do Pactual e se tornou bilionário aos 36 anos, quando
vendeu o banco ao suíço UBS em 2006. Em 2008, ele criou o BTG e, no ano
seguinte, comprou o Pactual de volta dos suíços, na esteira da crise financeira
internacional. A operação não deixou de ser vista como um triunfo de um
capitalista brasileiro no mercado global: afinal, o UBS precisou vender
o Pactual, e quem lhe estendeu a mão foi um carioca da Tijuca.
Esteves
é o homem mais rico do país a estar preso, em uma comparação que inclui também
Marcelo Odebrecht. O presidente da Odebrecht, detido desde 19 de junho (também
por causa da Operação Lava Jato), estava entre os mais ricos do país em 2014,
segundo a Forbes - em uma conta que incluía não apenas ele,
mas toda a família --, mas não apareceu na lista neste ano.
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