quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Milionários e inteligentes, presos. Novo brasil?

André Esteves, um bilionário encarcerado
Banqueiro, preso nesta quarta-feira acusado de obstrução da Justiça na Operação Lava Jato, é o homem com a maior fortuna a estar atrás das grades no país no momento

Momento da prisão de André Esteves(Reprodução/VEJA)

André Esteves é o 628º homem mais rico do mundo, o 13º homem mais rico do Brasil - e é, neste momento, a maior fortuna a estar atrás das grades no país. O banqueiro, dono do BTG Pactual e preso nesta quarta-feira acusado de obstrução da Justiça na Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção que tem a Petrobras como ponto central, tem um patrimônio estimado em 2,9 bilhões de dólares, segundo o ranking elaborado pela revista Forbes. Esteves é apontado pela Procuradoria-Geral da República como "o pessoal de São Paulo" nas negociatas entre o senador Delcídio do Amaral e assessores para evitar a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

Ao longo da manhã, a foto do bilionário sendo conduzido por um agente da Polícia Federal circulou nas mesas de operação de bancos e corretoras. Poucos registros poderiam ser mais contrastantes com a imagem habitualmente associada a Esteves: a do legítimo self-made man brasileiro, homem de negócios arrojado e epítome do capitalismo nacional.

Esteves, de 45 anos, não nasceu em berço de ouro. Filho do bairro da Tijuca, quase um símbolo informal da classe média carioca, o empresário cursava matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro quando ingressou no Pactual, um banco de investimentos que ainda estava longe de ser o portento em que acabou se transformando. O BTG é o quarto maior banco privado do país em ativos e administra cerca de 200 bilhões de dólares em investimentos de clientes.

O Pactual foi criado em 1983 como uma espécie de "filhote" do Garantia, possivelmente o maior símbolo do arrojo entre os financistas do país. Assim como fazia o Garantia, o Pactual oferecia salários baixos, mas ótima remuneração por resultado. Esteves, que começara como analista de sistemas, migrou para a mesa de operações de renda fixa. Pôs a serviço do banco - e dele próprio - seu perfil de workaholic. E cresceu.

Esteves ascendeu ao comando do Pactual e se tornou bilionário aos 36 anos, quando vendeu o banco ao suíço UBS em 2006. Em 2008, ele criou o BTG e, no ano seguinte, comprou o Pactual de volta dos suíços, na esteira da crise financeira internacional. A operação não deixou de ser vista como um triunfo de um capitalista brasileiro no mercado global: afinal, o UBS precisou vender o Pactual, e quem lhe estendeu a mão foi um carioca da Tijuca.


Esteves é o homem mais rico do país a estar preso, em uma comparação que inclui também Marcelo Odebrecht. O presidente da Odebrecht, detido desde 19 de junho (também por causa da Operação Lava Jato), estava entre os mais ricos do país em 2014, segundo a Forbes - em uma conta que incluía não apenas ele, mas toda a família --, mas não apareceu na lista neste ano.

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