Entenda as causas
da queda das bolsas de valores no mundo
No Brasil, bolsa
caiu mais de 10% na manhã de hoje
Publicado em
09/03/2020 - 16:31 Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Em uma tarde tensa no mercado financeiro global, o dólar aproxima-se de
R$ 4,75, e a bolsa de valores do Brasil, B3, volta a registrar queda superior a
11%, depois de ter os negócios interrompidos pela manhã.
Às 16h, o índice Ibovespa acumulava recuo de 11,26%. O dólar comercial
era vendido a R$ 4,745, com alta de 2,39%, R$ 0,11, depois de o Banco Central
entrar no mercado pela segunda vez no dia. Pela manhã, a autoridade monetária
vendeu US$ 3 bilhões das reservas internacionais à vista. Agora à tarde, vendeu
mais US$ 465 milhões das reservas.
Circuit breaker
Pela manhã, a B3 chegou a ter as
negociações interrompidas por 30 minutos porque o Ibovespa
tinha caído mais de 10%. Esse é o chamado circuit breaker, mecanismo acionado
quando o índice cai mais que determinado nível.
A última vez em que a bolsa tinha tido as negociações interrompidas foi
em maio de 2017, após a divulgação de conversas do então presidente Michel
Temer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. A B3 pode acionar
novamente o circuit breaker ainda hoje caso o Ibovespa caia mais de 15%.
Petróleo
Os mercados de todo o planeta, que nas últimas semanas têm atravessado
momentos de instabilidade por causa do coronavírus, enfrentam um dia de
turbulências, após a disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno
do petróleo. Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep),
a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo depois que o governo de
Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o
mundo.
O aumento de produção num cenário de queda mundial de demanda por causa
do coronavírus fez a cotação do barril de petróleo iniciar o dia com queda de
mais de 30%. Por volta das 16h, o barril do tipo Brent era vendido a US$ 31,13,
com queda de 24,6%. Essa foi a maior queda no preço internacional para um dia
desde a Guerra do Golfo, em janeiro de 1991.
Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da
Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa. Por volta das 16h,
os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) da
companhia caíam 28%. Os papéis preferenciais (que dão preferência na
distribuição de dividendos) caíram 29,7%. Segundo a própria Petrobras, a
extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril
está acima de US$ 45.
Consequências
A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências
para a economia brasileira. Caso os preços baixos se mantenham, a companhia
repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um
lado, a queda beneficia os consumidores; por outro, prejudica o setor de
etanol, que perde competitividade.
Os preços mais baixos diminuem a arrecadação de royalties do petróleo e
a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o
principal tributo estadual, num momento em que diversos estados atravessam
dificuldades financeiras.
Paulo Guedes
Hoje pela manhã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer
que a crise internacional deve afetar menos o Brasil que outros países porque a
economia brasileira é mais fechada que a do resto do mundo.
O ministro repetiu que a melhor resposta para a crise é a
continuidade da agenda de reformas e reiterou que a reforma
administrativa pode ser enviada ao Congresso ainda esta semana.
Edição: Fernando Fraga
Nenhum comentário:
Postar um comentário