Funai
divulga imagens de índio isolado na Amazônia
"Índio do buraco" é o último sobrevivente
de sua etnia
Publicado
em 21/07/2018 - 14:24
Por Kelly
Oliveira – Repórter da Agência Brasil Brasília
A Fundação Nacional do Índio
(Funai) divulgou imagens inéditas
de um índio que vive isolado na Amazônia. A Funai observa o índio há 22 anos,
planejando ações de vigilância do território onde vive e garantindo sua
proteção contra ameaças externas.
Índio da Terra Indígena Tanaru vive isolado há pelo
menos 22 anos - Foto: Acervo/Funai
Conhecido como o "índio do
buraco", ele é o último sobrevivente de sua etnia. De acordo com a Funai,
na década de 80, a colonização desordenada, a instalação de fazendas e a
exploração ilegal de madeira em Rondônia provocaram sucessivos ataques aos
povos indígenas isolados, num constante processo de expulsão de suas terras e
de morte.
Segundo a Funai, após o último
ataque de fazendeiros ocorrido no final de 1995, o grupo do índio isolado que
provavelmente já era pequeno (a partir de relatos, a equipe local acreditava
serem seis pessoas) tornou-se uma pessoa só. Os culpados jamais foram punidos.
Em junho de 1996, o órgão teve o conhecimento da existência e da
traumática história deste povo, a partir da localização de acampamento e outros
vestígios de sua presença.
Índio da Terra Indígena Tanaru vive isolado na Amazônia - Foto:
Acervo/Funai
Quando há a presença confirmada
ou possível de povos indígenas isolados fora de limites de terras indígenas, a
fundação se utiliza do dispositivo legal de Restrição de Uso (interdição de
área), visando a integridade física desses povos em situação de isolamento,
enquanto se realizam outras ações de proteção e tramitam processos de
demarcação de terra indígena.
A atual delimitação da Terra
Indígena (TI) Tanaru, onde vive o índio isolado, foi estabelecida em 2015, por
meio de portaria que prorrogou a interdição de área por mais 10 anos. A área
demarcada tem 8.070 hectares. As primeiras interdições de área ocorreram na
década de 1990, logo após a confirmação da existência do indígena no local.
A partir da confirmação da
presença do índio isolado, em 1996, a Funai realizou algumas tentativas de
contato, mas logo recuou ao perceber que não era da vontade dele. A última
tentativa ocorreu em 2005. Deste então, os servidores que o acompanham deixam
apenas algumas ferramentas e sementes para plantio em locais que ele passa
frequentemente. Por volta de 2012, o órgão registrou algumas roças de milho,
batata, cará, banana e mamão plantadas pelo indígena, que vive basicamente
desses alimentos e da caça.
Nos
últimos 10 anos, a Funai realizou 57 incursões de monitoramento do indígena e
cerca de 40 viagens para ações de vigilância e proteção da TI Tanaru.
Edição: Lílian
Beraldo
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